Gurdjieff Relatos de Belzebu a seu Neto

Henri Tracol

Excertos de THUS SPAKE BEELZEBUB

A primeira aproximação às ideias de Gurdjieff, como expressas em sua inicial (e monumental) série de escritos: uma visão apocalíptica, terrível, da destinação do homem em relação ao Universo, das persistentes e profundas ilusões do homem, da crescente perda de controle do homem, da propensão delirante do homem para o autoextermínio. Seu fado é desordem, novamente desordem, mais e mais desordem.

A perspectiva assustadora se há alguma: todas as nossas crenças na capacidade humana de progresso sem fim, toda nossa antecipação de um mundo melhor encontra aqui uma direta negação.

Mas não fomos avisados? Gurdjieff não designou seu “Relatos de Belzebu” como “um criticismo objetivamente imparcial da vida do homem”, no qual seu propósito ostensivo era “destruir, impiedosamente, na mentação e sentimentos do leitor, as crenças e as visões, nele enraizadas por séculos, sobre tudo existindo no mundo”?

Assim de agora em diante, cabe a nós. Podemos recusar ir adiante — virar as costas a esta assombrosa visão e tentar esquecê-la. Além do mais, não é a primeira vez que, na iminência de desencobrir a verdade da situação real do homem, profetas avisam seus ouvintes contra a mera curiosidade: “Cuidado! Isto não é bebida leve! — se não estais sedento, melhor deixar passar…”

Agora, estamos sedentos? Realmente somos capazes de engolir esta verdade? Somos então avisados de um novo perigo: “Não seja crédulo. Olhe cuidadosamente. Não tomes qualquer coisa como dado: espere até que tenhas experienciado por ti mesmo. E isto pode levar tempo, muito tempo — uma vida talvez”.

Somos pacientes? Hoje em dia tudo nos faz ter pressa. A aceleração rege todas as nossas funções, se queremos acompanhar os tempos atuais. De fato tentar e ser paciente definitivamente vai contra a marcha atual.

Estamos prontos? Estamos completamente cientes de nossa situação, e suficientemente corajosos para tentar?

Bloor

RELATOS DE BELZEBU
ADVERTÊNCIA DO AUTOR
LIVRO I
LIVRO II
LIVRO III