EHN (Intro) – jornalismo

As exigências da civilização contemporânea geraram ainda outra forma bastante específica de literatura chamada jornalismo.

Não posso deixar passar em silêncio essa nova forma de literatura, pois, além do fato de não oferecer nada para o desenvolvimento da mente, ela se tornou, do meu ponto de vista, o mal fundamental na vida das pessoas hoje em dia, devido à influência venenosa que exerce em suas relações mútuas.

Essa forma de literatura tornou-se muito difundida nos últimos tempos porque, de acordo com minha convicção inabalável, ela responde mais completamente do que qualquer outra coisa às fraquezas e demandas que levam à crescente falta de vontade do homem. Dessa forma, acelera nas pessoas a atrofia até mesmo de suas últimas possibilidades de adquirir aqueles dados que anteriormente ainda lhes davam um certo conhecimento relativo de sua própria individualidade, o que por si só leva ao que chamamos de “lembrar-se de si mesmo” — esse fator absolutamente necessário no processo de autoaperfeiçoamento.

Além disso, devido a essa literatura diária sem princípios, a função de pensar das pessoas ficou ainda mais separada de sua individualidade; e assim a consciência, que ocasionalmente era despertada nelas, agora deixou de participar de seu pensamento. Assim, elas estão privadas dos fatores que antes proporcionavam às pessoas uma vida mais ou menos tolerável, mesmo que apenas no que diz respeito a suas relações mútuas.

Para nosso infortúnio comum, essa literatura jornalística, que está se tornando mais difundida na vida das pessoas a cada ano, enfraquece ainda mais a mente já enfraquecida do homem, expondo-a sem resistência a todos os tipos de engano e ilusão, e a desvia de um pensamento relativamente bem fundamentado, estimulando assim nas pessoas, em vez de um julgamento sensato, várias propriedades indignas, como incredulidade, indignação, medo, falsa vergonha, hipocrisia, orgulho e assim por diante.

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