GURDJIEFF TERMOS — DADOS
VIDE: CRISTALIZAÇÕES, CONSCIÊNCIA
G utiliza centenas de vezes o termo «dados» nos Relatos de Belzebu. Embora «dados» seja a tradução inglesa de data, adotada para traduzir o termo russo ou armênio utilizado no original, as demais traduções decorrentes em grande parte desta primeira tradução adotaram termos iguais, tais como: données em francês, datos em espanhol, dados em português.
É interessante que na década de 1920, em que o computador ainda era em grande parte especulação teórica, e que a «era da informação» não era sequer cogitada, este termo tão relevante em nossa geração de «netos de Belzebu» fosse adotado e até intensa e extensivamente utilizado em um «criticismo objetivamente imparcial da vida do homem», como o próprio intitula sua primeira série de TODO E TUDO.
Nas suas inúmeras utilizações pode-se reconhecer uma característica comum, que em muito se aproxima da visão do homem como um autômato, uma máquina, também própria do pensamento de G. Falar em «dado» implica falar em «dar», em «se dar» (expressão fenomenológica, «es gibt»); ao mesmo tempo, implica em «receber», em «armazenar»; assim como, é claro, em «ser», em «ser-aí», na «clareira do ser» enunciada por Heidegger. Algo se dá, assim feito dado para o ser humano, que ao mesmo tempo se dando humanamente, ou seja enquanto «ser» humano, aquiesce um receber, afirma o «dando que se recebe».
[…] devido principalmente a «dúvida na existência da Divindade» quase que inteiramente desapareceu de suas presenças comuns a possibilidade da precipitação daqueles dados os quais deveriam sem falha ser precipitados nas presenças de todos os seres tri-cerebrais; dados cuja totalidade engendra neles o impulso chamado «sensação instintiva» de certas verdades cósmicas, que são sempre sentidas mesmo pelos seres uni-cerebrais e bi-cerebrais, onde quer que possam germinar na totalidade do Universo. (RBN III-43)