Proponho-me agora a dar uma forma compreensível para todos a tudo o que escrevi para a segunda série, na esperança de que essas ideias possam servir como material construtivo preparatório para estabelecer na consciência de criaturas semelhantes a mim um novo mundo — um mundo, em minha opinião, real, ou pelo menos um que possa ser percebido como real por todos os graus do pensamento humano sem o menor impulso de dúvida, em vez do mundo ilusório que as pessoas contemporâneas imaginam para si mesmas.
E, de fato, a mente do homem contemporâneo, de qualquer nível de intelectualidade, só é capaz de tomar conhecimento do mundo por meio de dados que, sempre que acidentalmente ou intencionalmente ativados, despertam nele todo tipo de impulsos fantásticos. E esses impulsos, ao afetar constantemente o ritmo de todas as associações que fluem nele, gradualmente desarmonizam todo o seu funcionamento, com resultados tão tristes que é impossível para qualquer homem, se ele for capaz de se isolar, mesmo que um pouco, das influências das condições anormais estabelecidas de nossa vida comum e estiver disposto a pensar seriamente sobre isso, não ficar aterrorizado — como, por exemplo, pelo encurtamento de nossa vida a cada década.
Sob a forma de uma pretensa autobiografia, este livro que comporia a segunda série de sua trilogia “TODO E TUDO”, tinha o propósito declarado de:
- “fazer conhecer o material necessário a uma reedificação, e provar a qualidade e a solidez dele” (francês), ou
- “familiarizar o leitor com o material requerido para uma nova criação e provar a firmeza e a qualidade dele” (inglês).
Já no ARAUTO DO BEM VINDOURO, na busca de alternativas de transmissão de suas ideias, além da forma até então adotada, G. indicava sua intenção de apresentar “quadros” (representações) onde suas ideias fossem devidamente “codificadas”. A explicação de tal artifício vem dele próprio e pode ser encontrada na descrição que faz no Capítulo XXV e XXX, da solução encontrada pelos sábios do passado de “envelopar” o que desejavam transmitir para a posteridade, nas obras e atividades humanas através de “Legominismos”.
Livro digital na Internet (inglês, versão mais originária): MEETINGS WITH REMARKABLE MEN
Este livro foi transformado em filme sob a direção de Peter Brook, consagrado diretor de teatro.