GURDJIEFF — FRAGMENTOS — ENEAGRAMA
“Já falamos da lei de oitava e do fato de que cada processo, seja qual for a escala onde se efetua, é completamente determinado, em seu desenvolvimento gradual, pela lei de estrutura da escala de sete tons. Sob esse aspecto, foi indicado que cada nota, se a transpusermos para outra escala, toma-se por sua vez uma oitava inteira. Os “intervalos” mi-fá e si-dó, que não podem ser preenchidos pela intensidade da energia do processo em curso, põem em ligação diversos processos, pelo simples fato de que necessitam de um choque exterior, de uma ajuda exterior, por assim dizer. Por conseguinte a lei de oitava conecta todos os processos do universo e, para aquele que conhece as oitavas de transição e as leis de sua estrutura, surge a possibilidade de um conhecimento exato de cada coisa ou de cada fenômeno em sua natureza essencial, bem como de todas as suas relações com as outras coisas e com os outros fenômenos.
“Para unir, para integrar todos os conhecimentos relativos à lei de estrutura da oitava, existe um símbolo que toma a forma de um círculo cuja circunferência se divide em nove partes iguais, mediante pontos ligados entre si, numa certa ordem, por nove linhas.
“Mas, antes de passar ao estudo desse símbolo, é essencial compreender bem certos aspectos do ensinamento que o utiliza, bem como a relação entre este ensinamento e os outros sistemas que utilizam o método simbólico para a transmissão do conhecimento.
“Para compreender as correlações desses ensinamentos, é necessário lembrar sempre de que os caminhos que levam ao conhecimento da unidade dirigem-se para ela como os raios de um círculo convergem para seu centro; quanto mais se aproximam do centro, mais se aproximam uns dos outros.
“Resulta disso que as noções teóricas que estão na origem de uma linha de ensinamento podem ser explicadas, às vezes, do ponto de vista dos enunciados de outra linha de ensinamento e vice-versa. Por essa razão é possível, às vezes, traçar um certo caminho intermediário entre dois caminhos adjacentes. Mas na falta de um conhecimento e de uma compreensão completos das linhas fundamentais, tais caminhos intermediários podem facilmente conduzir a uma mistura das linhas, à confusão e ao erro.
“Entre as linhas de ensinamento mais ou menos conhecidas, podem distinguir-se quatro:
1 — Hebraica.
2 — Egípcia.
3 — Iraniana.
4 — Hindu.
“Aliás, da última só conhecemos a filosofia e das três primeiras só fragmentos de teoria.
“Fora dessas linhas, existem duas outras, conhecidas na Europa, à Teosofia e o chamado ocultismo ocidental, que são resultados da mistura dos caminhos fundamentais. Essas duas linhas contêm grãos de verdade, m nem uma nem outra possui a ciência integral e, por conseguinte, todos os esforços tentados nesses caminhos para chegar a uma realização efetiva podem dar resultados negativos.
“O ensinamento, cuja teoria, expomos aqui é completamente autônomo, independente de todos os outros caminhos e, até hoje, tinha permanecido inteiramente desconhecido. Como outros ensinamentos, utiliza o método simbólico e um de seus símbolos principais é a figura que mencionamos, isto é, o círculo dividido em nove partes.
“Este símbolo toma a forma seguinte:
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“O círculo está dividido em nove partes iguais. A figura construída sobre seis desses pontos tem por eixo de simetria o diâmetro que desce do ponto superior. Esse ponto é o vértice de um triângulo equilátero construído sobre aqueles pontos, dentre os nove, que estão situados fora da primeira figura.