GURDJIEFF TERMOS — OBSERVAÇÃO
VIDE: CITAÇÕES DE GURDJIEFF; GLOSSÁRIO GURDJIEFF
FRAGMENTOS:
“O método fundamental para o estudo de si é a observação de si. Sem uma observação de si corretamente conduzida, um homem nunca compreenderá as conexões e as correspondências das diversas funções de sua máquina, nunca compreenderá como nem por que nele “tudo acontece”.
“Mas a aprendizagem dos métodos corretos de observação de si e do estudo de si requer uma compreensão precisa das funções e características da máquina humana. Assim, para observar as funções da máquina humana, é necessário compreender divisões corretas dessas funções e poder defini-las exatamente e de imediato; além disso, a definição não deve ser verbal, mas interior; pelo sabor, pela sensação, do mesmo modo que definimos para nós mesmos tudo o que experimentamos interiormente.
“Há dois métodos de observação de si. O primeiro é a análise ou as tentativas de análise, isto é, as tentativas de achar uma resposta para essas perguntas: de que depende tal coisa e por que acontece? O segundo é o método das constatações, que consiste em registrar, apenas mentalmente e no próprio momento, tudo o que se observa.
“A observação de si, principalmente no início, não deve, a pretexto algum, se tornar análise ou tentativas de análise. A análise só é possível muito mais tarde, quando já se conhecem todas as funções de sua máquina e todas as leis que a governam.
“Tentando analisar tal ou qual fenômeno que o chocou, um homem se pergunta geralmente: “O que é? Por que isso acontece assim e não de outro modo?” E começa a buscar resposta a essas perguntas, esquecendo tudo o que observações ulteriores lhe poderiam trazer. Cada vez mais absorto por elas, perde por completo o fio da observação de si e se esquece até da ideia dela. A observação se detém. É claro, por isso, que somente uma coisa pode progredir: ou a observação ou então as tentativas de análise.
“Mas, mesmo fora disso, qualquer tentativa de análise dos fenômenos isolados, sem um conhecimento das leis gerais, é perda total de tempo. Antes de poder analisar os fenômenos, mesmo os mais elementares, um homem deve acumular material bastante, sob a forma de “constatações”, isto é, como resultado de uma observação direta e imediata do que se passa nele. É o elemento mais importante no trabalho do estudo de si. Quando um número suficiente de “constatações” se acumularam e, ao mesmo tempo, as leis tiverem sido estudadas e compreendidas até certo ponto, torna-se então possível a análise.
“Desde o início, a observação e a “constatação” devem se basear no conhecimento dos princípios fundamentais da atividade da máquina humana. A observação de si não pode ser corretamente conduzida, se não se compreendem esses princípios e não se os tem constantemente presentes ao espírito. É por isso que a observação de si ordinária, tal como as pessoas a praticam toda a sua vida, é inteiramente inútil e não poderia levar a nada
“A observação deve começar pela divisão das funções. Toda a atividade da máquina humana se divide em quatro grupos de funções nitidamente definidos. Cada um é regido por seu próprio “cérebro” ou “centro” Ao observar-se, um homem deve diferenciar as quatro funções fundamentais de sua máquina: as funções intelectual, emocional, motora e instintiva. Cada fenômeno que um homem observa em si mesmo se relaciona com uma ou com outra dessas funções. E por isso que, antes de começar a se observar, um homem deve compreender em que as funções diferem; o que significa a atividade intelectual, o que significam a atividade emocional, a atividade motora e a atividade instintiva.
“A observação deve começar pelo princípio. Todas as experiências anteriores, todos os resultados anteriores de qualquer observação de si, devem ser deixados de lado. Pode haver aí elementos de grande valor. Mas todo esse material está baseado em divisões errôneas das funções observadas e ele próprio está dividido de maneira incorreta. É por isso que não pode ser utilizado; em todo caso, é inutilizável no início do estudo de si. O que há nele de válido será, no devido tempo, tomado e utilizado. Mas é necessário começar pelo começo, isto é, observar-se como se absolutamente não se conhecesse, como se nunca se tivesse observado.