GURDJIEFF — QUESTIONAMENTOS EM SUA OBRA ESCRITA
Existem questões que o próprio G. se indaga logo de partida, na introdução de sua grande suma, Tudo e Todas as Coisas:
* porque escrever um livro?
* porque passar agora, de um trabalho que vinha há alguns anos se desenvolvendo dentro de uma tradição oral e prática, no contato direto entre mestre-discípulo, para uma transmissão de ideias desta natureza, por meio escrito?
* como apresentar então estas ideias, neste novo formato?
* que língua e estilo utilizar?
São questões que se devem manter vivas no contato com sua obra escrita, e com as obras que a complementam, sob a forma de registros de seus diálogos nos Grupos. Para ajudar na resposta, pelo menos da questão “como apresentar suas ideias”, a própria explicação dada por G. no livro Relatos de Belzebu a seu neto, capítulo XXV, oferece indicações (trecho traduzido abaixo da versão em inglês do Belzebu):
Meu querido e amado avô, diga-me, por favor, o que o termo Legominismo significa? Hassein perguntou.
Este termo Legominismo, respondeu Belzebu, é dado para um dos meios lá existentes de transmissão de informação de geração a geração sobre certos eventos de eras passadas, através justamente daqueles entes tri-cerebrais que se acham merecedores de ser e que são chamados iniciados.
Este meio de transmissão de informação de geração a geração foi concebido pelos entes do continente Atlantis. Para sua melhor compreensão dos ditos meios de transmissão de informação para entes de sucessivas gerações por meio de um Legominismo, devo aqui te explicar também algo sobre aqueles entes que outros entes chamavam e chamam iniciados.
Em tempos idos lá no planeta Terra, este termo sempre foi usado em um sentido apenas; e os entes tri-cerebrais que lá eram chamados iniciados eram aqueles que adquiriram em suas presenças dados quase objetivos, os quais podiam ser sentidos pelos outros entes.
Mas durante os últimos dois séculos este termo passou a ser usado agora em dois sentidos: em um sentido é usado para a mesma finalidade que antes, quer dizer, assim são chamados aqueles entes que se tornaram iniciados graças a seus trabalhos conscientes e sofrimentos intencionais; e por conseguinte como já te disse, adquiriram neles mesmos méritos objetivos os quais podem ser sentidos pelos outros entes irrespectivamente de sistema-cerebral, e os quais também evocam em outros confiança e filo:respeito.
No outro sentido, chamam-se um ao outro por este nome, quem pertence àqueles entes que lá se denominam “gangues criminosas” que no dito período se multiplicaram enormemente e cujos membros têm como meta maior “roubar valores essenciais” daqueles ao seu redor.