Mouravieff (Gnosis I:68-69) – Lei de Três

A ciência esotérica chama a primeira lei de Lei de Três. Sua definição explica esse nome:

Definição: tudo o que existe, existe como resultado da ação convergente no mesmo ponto e ao mesmo tempo de três forças: passiva, ativa e neutralizadora.

Deve-se observar que essas três forças refletem as três condições básicas para a criação do Universo que já discutimos. Como tal, elas representam no Universo criado a manifestação das três condições da Criação concebidas na pré-existência do Mundo pela Divindade imanifesta. Assim, a força passiva é o derivado da condição estática: Espaço; a força ativa é o derivado da condição dinâmica: Tempo; finalmente, a força neutralizadora garante que o Equilíbrio seja mantido no Universo em todos os planos e em todas as escalas.

É claro que, como força, essas três forças são ativas. Elas são designadas de acordo com o papel que cada uma delas desempenha na cooperação que dá origem ao fenômeno em questão.

Visto por esse ângulo, a vida no Universo é um processo perpétuo de criação em todos os domínios, em todos os planos e em todos as escalas. E para cada evento, grande ou pequeno, importante ou insignificante, repete-se – em todas as proporções – um ato análogo à Primeira Criação, a de todo o Universo, um ato no qual as três forças em questão atuam, como já dissemos, como uma réplica das três condições concebidas na preexistência do Universo criado.

O exemplo clássico dado pelas escolas esotéricas da interação das três forças é o pão. Para fazer pão, precisa-se de farinha, fogo e água. Nesse exemplo, a farinha é o condutor da força passiva, o fogo da força ativa e a água da força neutralizadora.

Deve-se observar imediatamente que a substância que, em um caso, é a condutora da força passiva pode, em outros casos, ser a condutora da força ativa e, em um terceiro caso, o veículo da força neutralizante. […]

A natureza primordial da força passiva pode ser ilustrada por vários exemplos. Vejamos o caso de uma compra: é a mercadoria oferecida que constitui a força passiva; a necessidade ou o desejo do comprador intervém como a força ativa, e o preço pago pelo objeto constitui a força neutralizadora. De modo geral, a oferta atua como a força passiva, a demanda como a força ativa e o pagamento como a força neutralizadora.

O fato de a força passiva ser uma força e, como tal, ter um caráter ativo, é claramente demonstrado, em particular, no nível psicológico […].

Quanto à terceira força, a neutralizadora, ela muitas vezes escapa à nossa observação, seja por causa da natureza bipolar de nossa psique, seja porque sua própria natureza pode, em muitos casos, deixá-la na sombra; isso ocorre porque às vezes ela desempenha um papel catalisador, muito menos óbvio do que o do vínculo, que é fundamentalmente seu papel.

De acordo com a ação das três forças através da matéria, a Tradição faz as seguintes distinções: Quando uma substância serve como condutor para a força passiva, ela é chamada de Oxigênio (O); quando serve como condutor para a força ativa, é chamada de Carbono (C); quando serve como condutor para a força neutralizante, é chamada de Nitrogênio (N). Considerada independentemente das forças que conduz, a substância é chamada de Hidrogênio (H).

[MOURAVIEFF, Boris. Gnosis T1]

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