Nosso senso habitual de existência é derivado de coisas externas. Tentamos nos introduzir no mundo visível, para nos sentirmos em algo fora de nós, em dinheiro, posses, roupas, posição; para sairmos de nós mesmos. Sentimos que o que nos falta está fora de nós, no mundo que nossos órgãos dos sentidos nos descrevem. Isso é natural porque o mundo dos sentidos é óbvio. Pensamos, por assim dizer, em termos dele e em direção a ele. A solução de nossas dificuldades parece estar nele — em conseguir algo, em ser honrado. Além disso, não suportamos nem mesmo um indício de nossa invisibilidade com facilidade e não refletimos que, embora estejamos relacionados a um mundo óbvio, de um lado, por meio dos sentidos, podemos estar relacionados a outro mundo, de outro lado, nem um pouco óbvio, por meio da “compreensão” — a um mundo que é tão complexo e diverso quanto o mundo dado pelos sentidos e que tem nele tantos lugares desejáveis quanto indesejáveis.
[Maurice Nicoll, Living Time]Nicoll (Time) – senso de existência
Outras páginas do capítulo
- Nicoll (Time) – aparências
- Nicoll (Time) – espectador do Tempo
- Nicoll (Time) – exterior-interior
- Nicoll (Time) – fatos
- Nicoll (Time) – ideia – forma – matéria
- Nicoll (Time) – ideias
- Nicoll (Time) – naturalismo
- Nicoll (Time) – quantidades e qualidades
- Nicoll (Time) – senso de existência
- Nicoll (Time) – sentidos e imagem do mundo